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07 abril 2013

Retomando a conversa...

Pois é, caro(a) visitante anônimo(a), cuja mensagem está reproduzida na postagem aí embaixo. Escrever a vida em dois minutos pode ser uma experiência interessante. Talvez com isso a gente descubra que para fazer o que até aqui fizemos, dois minutos foi tempo demais. Meio pessimista, não? Mas o que é a vida diante da eternidade? Somos seres eternos e infinita é a nossa vida. O problema é que estamos condenados ao degredo de tempos em tempos... e isso nos entristece e cansa. Noutro dia soube que a pressão da atmosfera sobre uma pessoa de 1,50m, por exemplo, é algo em torno de 10 toneladas. Talvez por isso às vezes me sinta tão cansada, com um desejo enorme de poder flutuar... Engraçado isso, não? Vontade de flutuar... Lembro nitidamente das experiências de voar. Verdade! Juro! Claro que em todas as oportunidades eu estava dormindo, mas sempre experimentava a sensação  de voar e andar no ar; parecia real. Muitas coisas na minha vida parecem reais, aliás. Mas sei que a maior parte delas é apenas ilusão - e essas são as que mais me custam. Mas felizmente temos tempo para além de dois minutos para desperdiçar, até que encontremos o que seja realmente viver.  E no final, a vida de verdade talvez caiba toda em poucos segundos.
Bom domingo, amados e amadas. Estejam onde estiverem, que a sorte esteja com vocês!
Amor de Hanna.

21 março 2013

Dois minutos apenas...


Olá, amados e amadas!

Dois minutos de prosa: faz tempo que não ando tendo tempo para divagar por aqui. Ando (di)vagando pelo mundo, sem me dar muita atenção. Mas eis que quando a vida me toca no ombro e pergunta por onde andei, recebo um comentário neste lugar onde sempre acabo me encontrando comigo mesma e, para alegria do meu distraído coração, com aqueles que gostam de trocar dois minutos de prosa com essa distraída Hanna. Minha voraz curiosidade até já se aquietou - se anônima ou anônimo é, assim bem está. Segue a mensagem que prometo responder mais detidamente assim que meus dois minutos de chances de (di)vagar se multiplicarem. Com amor de sempre aos anônimos e aos signatários.

"Olá querida Hanna. Feliz 2013!!! Adorei a postagem, e fico aqui imaginando como seria a nossa própria vida passada em 2 minutos. Tento em vão montar um filme da minha e não consigo. Tá aí uma ideia para vc escrever a respeito. Como começaria?? pelo nascimento??não sei. Como terminaria?? com a morte, não, não. Nem pensar apesar de ser esse o fim. Beijosssssss -  em A História do mundo em dois minutos"

01 fevereiro 2013

“Comunicar a alguém os próprios desejos sem as imagens é brutal. Comunicar-lhes as próprias imagens sem os desejos é fastidioso. Mas fácil, em ambos os casos. Comunicar os desejos imaginados e as imagens desejadas é a tarefa mais difícil”.
(Giorgio Agamben)

31 janeiro 2013

A História do mundo em dois minutos

Belíssima edição...

Pense menos...dance mais

Vejam que delicado... lindo mesmo. Preciso dar os créditos: Pense Menos...Dance Mais. www.dancemais.com.br. A música: Trading places (version zouk) - Peejay. Mas, na verdade, eu tirei mesmo foi do Facebook do Leonardo Duarte, que manda muito bem nas postagens.


SAWABONA


Essa história eu copiei do Facebook de um amigo. É linda e sábia. Espero que seja verdadeira, mas mesmo que seja uma daquelas historinhas inventadas de internet, é bom pensar que pode existir uma sociedade que age assim. Voilá...

"Há uma tribo africana que tem um costume muito bonito. Quando alguém faz algo prejudicial e errado, eles levam a pessoa para o centro da aldeia, e toda a tribo vem e o rodeia. Durante dois dias, eles vão dizer ao homem todas as coisas boas... que ele já fez. A tribo acredita que cada ser humano vem ao mundo como um ser bom, cada um de nós desejando segurança, amor, paz, felicidade. Mas às vezes, na busca dessas coisas, as pessoas cometem erros. A comunidade enxerga aqueles erros como um grito de socorro. Eles se unem então para erguê-lo, para reconectá-lo com sua verdadeira natureza, para lembrá-lo quem ele realmente é, até que ele se lembre totalmente da verdade da qual ele tinha se desconectado temporariamente: "Eu sou bom".
Sawabona Shikoba!
Sawabona, é um cumprimento usado na África do Sul e quer dizer: "eu te respeito; eu te valorizo; você é importante para mim". Em resposta as pessoas dizem "shikoba", que é: "então eu existo para você."

Vocês existem para esta Hanna que a todos ama, mesmo que não passem por aqui!!!! 
Amor de sempre...
H.

02 dezembro 2012

O caminho

Solidão é um ponto na montanha muito próximo ao cume, de onde já não se consegue ouvir com clareza o burburinho do que ficou para trás, embora saibamos que está lá, distante. Ao alto, o silêncio adornado por nuvens de pensamentos, que brincam de esconde-esconde no labirinto da memória. O ar é rarefeito; o caminho, cada vez mais íngreme, exigindo um esforço que constrói a possibilidade à medida que mais exige; o entorno é vento que impede ouvir o que não seja silêncio. Abaixo, a certeza de que não há como voltar, ou ceder ao cansaço, à ilusão. A vertigem embota a presença sutil da liberdade, que ignora a gravidade e torna leve o pesado jugo das verdades eternas, carregadas a duras penas por tão longa eternidade. Tudo é apenas temporário. Estamos indo para Croatã... todos nós.
Amor de Hanna, que se espalha ao vento
H.



03 novembro 2012

Ainda a grande samaumeira dos Tikunas!

Márcia Kambeba, da etnia Omágua/Kambeba, o seu comentário encheu de alegria esse blog que fala sobre tudo... sobretudo de qualquer coisa. Mas nada tem sido mais gratificante do que receber comunicações como a sua, que dão a uma postagem antiga, de setembro de 2008, uma dimensão para além da intenção da humilde autora. Aquela samaumeira imensa, em pedaço da amazônia paraense, conquistou meu coração, à beira daquele Rio Guamá. E agora o rio volta e meia me traz um pouco de água fresca que lava o pensamento, carregando rio abaixo a ilusão da saudade. Em sua homenagem e a toda a sua linhagem nobre, publico aqui seu comentário e, logo abaixo, a postagem que tem sido um hit nesse blog.  E tomo a liberdade de divulgar aqui a sua dissertação de Mestrado no Programa de Pós Graduação da Universidade Federal do Amazonas - este sim é um trabalho importante e poderá servir de guia aos que passam pelas margens desse riozinho, e param para refrescar os sentidos nas bobagens desta tola Hanna. 
Para Márcia Kambeba e para todo o povo Tikuna (que eu escrevia com "c")
Amor.
H.

Link para a dissertação de Márcia Kambeba - Reterritorializacao e identidade do povo omagua-kambeba na aldeia tururucari uka


O COMENTÁRIO DE MÁRCIA SOBRE A POSTAGEM

"LINDO SEU TEXTO SOBRE O POVO TIKUNA. SOU TIKUNA DE CORAÇÃO POR TER NASCIDO EM ALDEIA TIKUNA EM BELÉM DO SOLIMÕES, MAIOR ALDEIA TIKUNA NO AMAZONAS, PRECISAMENTE ALTO SOLIMÕES. VIVI ENTRE OS TIKUNA ATÉ 8 ANOS DE IDADE E APRENDI MUITO. SOU DA ETNIA OMÁGUA/KAMBEBA, QUE HABITAM A REGIÃO DO ALTO SOLIMOES, E HOJE SOU MESTRA EM GEOGRAFIA E ESTUDEI MEU POVO EM UM PROCESSO DE RETERRITORIALIZAÇÃO E IDENTIDADE ÉTNICA... E A SAMAUMEIRA É PRESENTE NAS LENDAS DO MEU POVO, NOS MITOS... CONTAM OS MAIS VELHOS QUE NÓS NOS ORIGINAMOS DE UMA GOTA D'ÁGUA QUE CAIU EM UMA FOLHA DE SAMAUMEIRA E EM SEGUIDA NO IGARAPÉ, SE DIVIDIU EM 2 PARTÍCULAS E NASCERAM O HOMEM E A MULHER.. ESTÁ NA MINHA DISSERTAÇÃO SENDO REPRESENTADO ATRAVÉS DE UM DESNHO POR UM DOS IND''IGENAS DA ALDEIA KAMBEBA... MÁRCIA KAMBEBA".

REEDIÇÃO DA POSTAGEM, AGORA EM OUTRO TEMPO, OUTRAS URGÊNCIAS
EM HOMENAGEM AOS GUARANI-KAIOWÁ -  QUE VENÇAM A BATALHA!

Samaumeira é o nome desta grande árvore que fotografei apenas por encantamento. Se conhecesse a história, talvez tivesse feito fotos melhores... ou me perdido por lá. A grande samaumeira dos índios ticunas é parte de uma lenda belíssima que fala de resistência e imortalidade. Para os índios, as árvores desepenhavam papel fundamental no universo. Os galhos fortes da gigantesca samaumeira, por exemplo, sustentavam o céu com todos os seus astros . A lenda sobre essa árvore soberba pode ser lida numa obra de 1985, escrita pelos próprios ticunas e publicada pelo Museu Nacional (RJ) . O livro, chamado 
Nosso Povo, narra a lenda que conta como apareceu o dia e a história do coração da samaumeira. Quase ninguém com quem falei aqui em Belém sabia sequer o nome da árvore, que dirá a história mítica e linda que ela guarda. Alguns ainda disseram: " é uma árvore centenária que todo mundo diz que tem coração". Como fomos aprender tanto sobre minotauros e medéias e não conhecíamos o coração da samaumeira que sustenta o firmamento e que ainda hoje nos contempla em sua altivez, no meio de uma floresta que o mundo inteiro conhece? Precisamos descobrir o Brasil, antes que os aventureiros lancem mão. E faço a minha pequena parte, postando o resultado da pesquisa para saber que árvore maravilhosa era aquela.

Lendas desconhecidas de uma terra chamada Brasil

Como apareceu o dia. Naquele tempo era sempre noite. Os galhos da samaumeira cobriam o mundo, escurecendo tudo. Os irmãos Yoi e Ipi tentaram abrir um buraco na copa da árvore, jogando-lhe caroços de araratucupi, mas sem resultado. Chamaram o pica-pau, que tentou cortar o tronco com o bico, mas não conseguiu. Resolveram então tirar o machado da cutia. Ipi colou penas em todo o corpo e ficou deitado de boca aberta no caminho da cutia. A cutia estranhou a figura que encontrou no caminho e começou a fazer-lhe perguntas. Como Ipi não respondesse, ameaçou urinar na boca dele, cortar-lhe a língua, até que ele respondeu, dizendo que podia arrancá-la. Ela se aproximou e Ipi arrancou-lhe a paleta, a perna de trás, que era o seu machado. A cutia perseguiu Ipi mancando e gritou-lhe que, quando fizesse roça, não dissesse o nome dela, e que ela iria cobrar-lhe o roubo, furtando nas roças que fizesse. É o que a cutia faz até hoje. A cutia não pode mais plantar. Só cutia pequena ainda tem o machado. De posse do machado, Ipi começou a cortar a árvore. Mas o corte se tornava a fechar. Yoi então tentou cortar e, onde ele batia, o corte se mantinha aberto. Quando se cansou, entregou o machado a Ipi, que continuou a cortar, mas agora o corte não se fechava mais. Apesar de o tronco estar bem fino, a árvore não caía. Olhando para cima, viram que era uma preguiça que a segurava. O quatipuru, convidado para subir e tirar a mão da perguiça do galho, foi até a metade e desceu, com medo da altura. O quatipuru pequeno aceitou subir com formigas de fogo para jogar nos olhos da preguiça. Ele subiu e conseguiu atingir os olhos da preguiça. Deu então um pulo para trás e caiu, machucando o rabo no machado. Por isso o quatipuruzinho tem o rabo dobrado nas costas. A samaumeira caiu, e daí por diante se pôde ver o sol, o céu, as estrelas. Como recompensa, Yoi e Ipoi deram sua irmã para casar com o quatipuruzinho.
O coração da samaumeira. Depois de algum tempo, Ipi foi até a árvore derrubada para ver se já tinha apodrecido. Mas ela estava viva e tinha começado a brotar de novo. Ipi ouviu batidas de coração e resolveu tirá-lo. E começou a cortar com o machado. Ipi e Yoi disputavam o machado, cada qual querendo a tarefa de tirar o coração da samaumeira. Finalmente um golpe de Yoi fez o coração pular fora. Um calango o engoliu e ele ficou parado na garganta. Ipi encostou um tição na garganta do calango e o coração pulou fora. Mas uma grande borboleta azul engoliu o coração. Ipi queimou a asa da borboleta com o mesmo tição e ela vomitou. Por isso as borboletas azuis de hoje têm manchas na asa. O coração caiu num buraco muito apertado. Yoi então mandou a cotia roer o coração pelo lado direito, trazer o caroço e plantar no terreiro. Passado algum tempo, daí nasceu a árvore de umari.
O mito da grande samaumeira e o de seu coração também estão divulgados em O Livro das Árvores (Benjamin Constant: OGPTB, 1997), um volume escrito e ilustrado pelos professores indígenas ticunas, que trata da importância das árvores na vida e cultura de seu povo. Entre as suas muitas ilustrações, há um desenho da árvore Tchaparane, que produzia terçados. Ela ficava em Cujaru, um lugar perto do rio Jacurapá, e as pessoas iam até lá e esperavam que caíssem no chão.
Fonte: http://www.geocities.com/RainForest/Jungle/6885/mitos/m08arvor.htm

SOBRE OS TICUNAS
Os Ticunas constituem, hoje, a maior nação indígena do Brasil com mais de 32 mil pessoas. Eles são encontrados também na Colômbia e no Peru. No Brasil, estão localizados no estado do Amazonas, ao longo do rio Solimões, em terras dos municípios de Benjamin Constant, Tabatinga, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Içá, Fonte Boa, Anamã e Beruri. Os Ticunas falam uma língua considerada isolada, que não mantém semelhança com nenhuma outra língua indígena. Sua característica principal é o uso de diferentes alturas na voz, peculiaridade que a classifica como uma língua tonal. Os Ticuna estão organizados em clãs, ou "nações", agrupados em metades, que regulam os casamentos. Membros de uma metade devem casar-se com pessoas da metade oposta, e seus filhos herdam o clã do pai. Numa das metades agrupam-se os clãs com nomes de aves: mutum, maguari, arara, japó etc. Na outra metade estão os clãs que possuem nomes de plantas e de animais, como o buriti, jenipapo, avaí, onça, saúva.
O texto completo sobre os índios ticuna pode ser visto no site http://www.rosanevolpatto.trd.br/ticuna1.htm