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15 janeiro 2016

Do amor e sua infinita graça

Amar é plenitude e assim se basta. Amar é deixar que se desfaçam as amarras que empurram a vida para a margem da vida, ali por onde o passado e os não acontecimentos arrastam suas correntes. Amar é apenas deixar que a vida flua para dentro, em torno e através de nós, derrubando muralhas de incerteza. Felizes aqueles que portam esse vaso transbordante. A estes, o universo convida a dançar.
Para os que foram tangidos por tão divina graça, um campo imenso de lindos girassóis.
Amor de sempre.
H

27 agosto 2015

Assim tão de repente

Sussurram os não ditos em uníssono
Afligem-me os ouvidos, que ouvem reticentes
É para dar atenção?
Entre a razão e a estrada deserta, a sombra das árvores do silêncio.
Bastam os sons dispersos, distantes, desconhecidos.
Não precisam de atenção.
Onde está o ruído grave, som distorcido que berra impropérios de vida?
Onde está o barulho das almas, dos cães que ladram e nunca mordem?
Onde se escondeu a coragem dos temores sussurrantes?
Onde está a resposta a perguntas impertinentes?
Não. Perguntas equivocadas não carecem de respostas.

08 abril 2015

Se tenho medo
(John Keats)

Se tenho medo de meus dias terminar
   Antes de a pena me aliviar o espírito, antes
De muito livro, em alta pilha, me encerrar
   Os grãos maduros como em silos transbordantes;
Se vejo, nas feições da noite constelar,
   Enormes símbolos nublados de um romance
E penso que não viverei para copiar
   As suas sombras com a mão maga de um relance;
Quando sinto que nunca mais hei de te ver,
   Formosa criatura de um momento ideal!
Nem hei de saborear o mítico poder
   Do amor irrefletido! - então no litoral
Do vasto mundo eu fico só, a meditar,
Até ir Fama e Amor no nada naufragar.