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08 abril 2015

Se tenho medo
(John Keats)

Se tenho medo de meus dias terminar
   Antes de a pena me aliviar o espírito, antes
De muito livro, em alta pilha, me encerrar
   Os grãos maduros como em silos transbordantes;
Se vejo, nas feições da noite constelar,
   Enormes símbolos nublados de um romance
E penso que não viverei para copiar
   As suas sombras com a mão maga de um relance;
Quando sinto que nunca mais hei de te ver,
   Formosa criatura de um momento ideal!
Nem hei de saborear o mítico poder
   Do amor irrefletido! - então no litoral
Do vasto mundo eu fico só, a meditar,
Até ir Fama e Amor no nada naufragar.

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