Nietzsche
foi um dos filósofos mais importantes do Século XIX. Ele era um
monte de coisas mais além de filósofo – poeta, por exemplo. Dos
seus escritos filosóficos pode-se ver que não tinha muita paciência
para lidar com as ideias acomodadas e com as teorias de consenso –
aliás, nem eu tenho paciência para a mesmice acadêmica – eu,
logo eu. Escrever é um ato de coragem, que às vezes devo confessar
que me falta. Preguiça intelectual, talvez preguiça moral... ou
simplesmente preguiça de me embrenhar em discussões inúteis que me
estressam as veias. Ou apenas preguiça daquelas simples e baratas,
sem nada mais que a possa adjetivar. Nietzsche morreu muito jovem.
Tinha 44 anos quando entrou em colapso e perdeu completamente a
capacidade mental. Isso foi em 1889; ele morreu em 1900. Triste
sina... conspiração do universo; pensou o que podia no tempo que
lhe cabia e desautorizou Deus com sua vontade de potência:"Esse mundo é a vontade de potência — e nada além disso! E também
vós próprios sois essa vontade de potência — e nada além
disso!”
Gosto
particularmente dos aforismos em "Humano, demasiado humano", onde as
verdades se mostram ligeiras, ágeis, desafiadoras e finas como uma
espada de esgrima: "Toda crença no valor e na dignidade da
vida se baseia num pensar inexato; (...) porque cada um quer e afirma
somente a si mesmo".
Talvez
daí venha a minha preguiça – qualquer esforço é apenas a
tentativa de afirmação de si mesmo; uma grande bobagem. Mas vamos à
poesia, que é a afirmação da alma, onde se guarda a pureza das
verdades tolas, inauditas, belas, simples – mesmo em Nietzsche,
porque humano, demasiadamente humano.
Ninguém
pode construir em teu lugar
as
pontes que precisarás passar
para
atravessar o rio da vida -
ninguém,
exceto tu, só tu.
Existem,
por certo, atalhos sem número
e
pontes, e semideuses que se oferecerão
para
levar-te além do rio;
mas
isso te custaria a tua própria pessoa;
tu
te hipotecarias e te perderias.
Existe
no mundo um único caminho
por
onde só tu podes passar.
Aonde
leva? Não perguntes, segue-o.
(Nietzsche)
No
mais, beijos de Hanna em profusão.
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