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21 março 2012

É muito punk...


O mundo é punk! Não é coisa pra amador...
Amador. Palavra cheia de ambiguidade. Pode significar o inexperiente, o diletante, o não profissional; ou aquele que muito ama, cujo sinônimo é também o amante. Engraçada essa dupla personalidade, né não? Talvez a explicação esteja na constatação de que todo aquele que ama é, em certo sentido, um "amador" para viver neste mundo heavy. Falo do amor em sentido lato - eita! Essa foi do fundo do currículo lattes... rs. Mas então: há que se ser profissa para suportar a atmosfera pesada dos modos disponíveis de se estar e ser na vida. Sim, disponíveis! Porque você não pode escolher o que não está à disposição nas vitrines dos comportamentos e dos estados mentais culturalmente aprendidos e socialmente exigidos e compartilhados. Digo mentais porque aquele que se puser fora do mainstream dos modos de pensar consentidos será encarado, no mínimo, no mínimo, como um amador até por si mesmo; passou daí já estará enquadrado na categoria dos loucos, dos fora da ordem. Se ficar rico, pelo menos vira excêntrico; se ficar famoso, um gênio! Mas quantos de nós, pobres mortais, conseguimos ascender a essas categorias? Seguimos, então, de vara curta, acumulando medos, colecionando fantasias, cultivando complexos, nos esquivando até da própria sombra, se bobear. Tá! Nariz de cera posto, o fato é que minha sempre distraída atenção foi sacudida, nesta manhã, pela conversa lastimosa, ao celular, de um cidadão que sacolejava no mesmo coletivo que esta inconformada Hanna. É, meus parcos, mas imprescindíveis leitores ... ônibus em Brasília é coletivo... coletivo de desrespeito ao ser humano - daí o "inconformada". Mais então: pensava sobre isso ao observar um cidadão sentado pouco à frente - homem alto, forte, guapíssimo... que sofria ao celular em notável descompasso com sua figura masculina. É... quem disse que sofrer por desilusões é coisa de mulher? Foi daí que comecei a pensar nestas bobagens das quais vos falo. Fora da vitrine, somos todos muito frágeis, homens e mulheres. Os sofrimentos nos vem de todos os lados e sentimos de formas muito semelhantes. E muita coisa neste mundo é capaz de nos fazer sofrer, né não? O que nos torna diferentes é a maneira como disfarçamos o que nos contamina os gestos, as atitudes, as maneiras de ser para fora de nós mesmos, para os outros. Não acreditamos que podemos ser amados se formos amoráveis. Mantemos a linha, um estilo. No fundo, no fundo, somos apenas estilosos, para não deixar parecer que somos tão simples e frágeis. E assim vamos nos tornando selecionáveis pelo que oferecemos na vitrine da vida; agregando valores-ilusão ao currículo, trapaceando aqui e ali nos quesitos de aparência; fazendo musculação de resistência; lutando para deixar de ser "amadores" neste jogo em que podemos nos tornar descartáveis. Ixi... ficou piegas essa, né? Mas enfim... o mundo é punk, pessoas! Mas não é motivo para desistir, até porque nesta parada não dá para descer fora do ponto.
É... pelo jeito, voltei!
Desta que muito vos ama, a distraída e boba Hanna.

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