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31 agosto 2011

Aos pássaros que amam voar

Esta história já foi publicada no Bobagens Relevantes, mas resolvi postar novamente aqui na página principal. Não exatamente por falta de opção criativa, mas para relembrar, a mim mesma, questões da natureza humana. Não há o que reclamar... Muito pelo contrário! Agradeço a oportunidade de bater minhas asas aceleradas nos espaços vazios da vontade alheia.
Amor, meus passarinhos...

O beija-flor
(Max Gheringer)

Ao contrário das demais aves, que voam com as asas na posição horizontal, o beija-flor voa na vertical. Por isso suas asas não batem para cima e para baixo, como as de seus colegas de pena, mas para frente e para trás. Essa proeza requer um esforço enorme: o beija-flor precisa bater as asas mais de 60 vezes por segundo, e seu coração bate 1.260 vezes por minuto. E claro que, para ter tanta vitalidade, o beija-flor precisa de energia. Muita energia. Ele consome, a cada dia, entre metade e 3/4 do peso de seu corpo em açúcar. E é aí que vem o grande paradoxo dos beija-flores: nada menos que 80% da energia que eles produzem é gasta apenas para sustentar seu peculiar estilo de vôo. Se um beija-flor aprendesse a retirar o néctar das flores pousando na planta, em vez de ficar batendo asa ao lado dela, ele reduziria sua carga de trabalho em 80%. Teria menos estresse e não sobrecarregaria tanto seu coração. Por que então o beija-flor nunca pensou nessa solução mais cômoda? Porque então ele se transformaria em um passarinho qualquer, e aí teria duas opções na vida: ou ficaria trancado numa gaiola, piando na hora certa e ganhando sua raçãozinha de alpiste, ou viveria uma vida de pardal, voando anônimo pela vida. Ser diferente das outras aves não é a sua opção. É a sua natureza. Nas empresas, existem pessoas que estão sempre fazendo um monte de coisas ao mesmo tempo, freqüentando tudo quanto é curso que aparece, pulando para lá e para cá e, acima de tudo, tendo idéias e dando sugestões. São os beija-flores das empresas. Mas essa gente, quase sempre, é mal entendida pelos colegas de trabalho. O que o funcionário beija-flor chama de “entusiasmo”, seus colegas classificam como “falta de foco”. O que ele chama de “dinamismo”, seu chefe chama de “dispersão”. Por que o profissional beija-flor insiste em ser acelerado e criativo, quando seria muito mais fácil ser igual a todo mundo? Porque ser diferente dos colegas não é a sua opção. É a sua natureza.

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