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04 maio 2011

Sobre cavalos e rios

"Pobre menina, não tem ninguém"... Leno e Lilian faziam sucesso com aquela música, enquanto a menina ensaiava seus primeiros arroubos de pensamento, de querer saber, de articular a difícil questão: por que?! Pobre menina, que tão cedo descobriu o desamor, sem saber que estaria aí um corte sutil que jamais cicatrizaria ao longo do caminho. Qual a diferença entre um cavalo e um rio? As perguntas sempre surgem em meio ao tormento, como bandagens, sutura e unguento a aliviar a ferida cada vez mais funda. Pobre menina, não tem respostas e se acostumou a seguir em frente quando as portas se fecham, as luzes se apagam, guardando em intimidade os que seguem com alguém ao lado - mãos dadas, sorrisos que se correspondem, leitos aconchegantes, alegria simples dos que não precisam de perguntas, porque não querem mais do que as respostas. Pobre menina... Onde mais irá atrás da próxima ilusão de contentamento? Qual será a paisagem daquela floresta? Por que serão doces as águas de um rio? Por que são tão livres os cavalos? Qual é mesmo a diferença entre um rio e um cavalo? Uma fonte cristalina de águas mornas lhe impede os olhos de perceberem que as perguntas são todas inúteis, porque para coisa alguma neste mundo haverá suficientes respostas.
H.

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