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16 janeiro 2011

Releitura II


RIMAS TOSCAS

Construí um muro de giz na frente da minha palavra
Para você poder rabiscar o que eu disse por dizer
Branco no preto, está lá em traços livres
A liberdade sem portão, como liberdade deve ser
Vire as costas, que eu nem ligo; se gritar vou resistir
Saco o apagador e em gestos largos,
Apago, cada traço, sem perdão
A imagem do que nem chegou a ser.
Caído ao chão qual sonho desvalido
Percebo o amor que talvez houvesse tido
Se o fio longo do sangue então vertido
Apagasse a morte e não o amor em vão querido
Dos riscos fortes, profundos e feridos
Nada restou além de tênues gemidos
como um giz que se cansou e umedecido
nada mais escreve
além de agudo e indesejável ruído
nenhuma palavra, nenhum gesto,
nada que faça mais qualquer sentido.
ido...ido...ido...ido...

H.




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