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12 fevereiro 2010

Quantificando coisas da vida

Hanna tem muitas coisas das quais não se aproveita, porque não é uma aproveitadora. Hanna tem flores que não colhe para que não morram; tem mares que iluminam seu olhar e também não os colhe, para que não se turvem; tem o céu que é pleno e adorna seus cabelos, mas não o toca para não afugentar suas nuvens. Hanna tem árvores exuberantes que a fazem se emocionar, nas quais sequer pensa em tocar. Tem um amor que se pretende eterno —  trata-o como as flores, o mar, o céu, deixando-o onde está. Às vezes Hanna entende que ele é apenas uma árvore antiga, que se faz de amor na ânsia de se renovar. Recebe seus presentes que insistem em corporificar sua distante presença, fazendo de contas que nem está lá.  Deixa que fique onde está.  Não o colhe, para que não se desvaneça como o algodão doce da ilusão de amar. Hanna sabe que o amor é o fluido mágico de um universo encantador  que a todos une — que não se vê, não se traduz e que geralmente se rompe ao se tentar tocar. Há que se ter muita grandeza, quando se pretende amar. Hanna é pequena; de grande, somente seus sonhos, que não a deixam acordar.

EXPLICITUDES: este texto é para alguém concreto, que Hanna acha que por mais que queira, jamais vai conseguir esquecer. Fica como agradecimento pelo amor que conserva em potes de ilusão, e pela poesia e música que compartilho com todos vocês, na intenção de dizer que o amor (parece) que existe. E quanto mais distante dele nos mantivermos, olhando apenas de longe, mais ele pode durar. Assim como... picolé no isopor de gelo seco...rsrs. Poético, não? Vieram juntas: a poesia e a música; ambas maravilhosas. Tudo a propósito do Dalai Lama...rsrsr.
O coração de Hanna, comovido, agradece, fazendo o que pede a poesia... Aparecendo...  apenas para dizer: "não basta ter fé; é preciso confiar".
PS.: Aproveitem o Carnaval... da melhor maneira possível.
H.
Ausência 
(Vinícius de Moraes)
Eu deixarei que morra em mim o desejo
de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa
de me veres eternamente exausto
No entanto a tua presença é qualquer coisa
como a luz e a vida

E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto
e em minha voz a tua voz
Não te quero ter porque
em meu ser está tudo terminado.
Quero só que surjas em mim
como a fé nos desesperados.
                        

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