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27 setembro 2009

Fazendo justiça ao "não"


Se é fato que a vida humana reproduz os ciclos da natureza, devemos então acreditar que estamos todos em plena primavera, onde tudo brota depois do longo esforço de plantação. Os frutos estão sendo agora gestados no útero das flores mais diversas que carregamos em nós. Percebi ainda há pouco que um deles já começa a despontar em mim e devo fazer justiça à semente que o gerou — a semente do NÃO. É isso mesmo: o tão desprezado e detestado "não". Quem gosta de receber um "não" pela cara de seus desejos, anseios, vontades, quereres, seja lá o que for? Mas o fato é que um genuíno "não" vale mais do que a soma de todos os "sim" que possamos ter recebido na vida. Penso até que muito dos "sim" que mais adiante recebemos tiveram origem na reação provocada por um rotundo "não".  O "não" provoca, estimula a reação, mesmo que embora nem sempre  a reação seja positiva. Que grande engano. Percebo em um lampejo de intuição que os "não" que colecionei ao longo da jornada têm signficado sinais indicando onde está a saída correta ou o caminho certo a seguir. Sim, porque o "não" também estimula o seguir adiante, nem que seja, no primeiro momento, carregado pela decepção. Noto agora que muito mais cresci pelos "não" do que pelos adoráveis "sim". Não que o "sim" não tenha valor; não. Afinal, como é confortável receber o passe livre seja lá para onde e o que for, até mesmo para a porta do inferno! Mas também, e muito mais,  para as portas adoráveis do... paraíso. Mas não devemos nos demorar no conforto dos "sim", que são tão terapêuticos. Porque é mesmo com o "não" que descobrimos as grande coisas — o autoconhecimento, se tivermos o bom hábito de prestarmos atenção. Mas estou em um domingo de enlevo e blues, não quero me estender. No entanto, não posso deixar de dizer o que vim fazer nesta postagem: vim sinceramente, honestamente, francamente agradecer a todos que me disseram "não" a longo da vida, atestando  e confirmando que fizeram a melhor coisa que me podiam oferecer, colaborando com o que sempre vem depois e que sem dúvida é sempre a coisa mais certa. Agradecimentos, principalmente, aos que insistiram no "não", apesar de meus apelos para que a roleta parasse no "sim". Os que são capazes de repetir um sincero "não" têm sem dúvida uma alma gentil, apesar da aparência rude de um "não". Aos que têm a sinceridade de assumirem seus "nãos" e os oferecerem repetidamente, apesar do aprendido sentido negativo que a palavra/atitude carrega, os meus mais doces beijos, afeto e agradecimento.  Fernando Pessoa acertou na mosca quando escreveu que "tudo vale a pena, quando a alma não é pequena." Inclusive um "não".
Direto da alma que é toda coração, beijos!
Hanna.

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