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21 setembro 2007

A vida é um discurso... só para começar

“O primeiro dia do resto de nossas vidas”. Prego na geladeira o ímã carregado de uma ambigüidade sonsa, que infiltra na alma a vontade de acreditar que temos nas mãos as rédeas do amor perfeito. Decisão repentina, apressada. Uma espécie de medo de perder o último trem que nos poderá levar até lá – um lá onde nem sabemos bem onde é. Ao lado, um pouco mais acima, pedaço restante de uma vida finda - uma graça tosca, como um sorriso que prendeu no espinho e não pode se retirar: “Sapos não foram feitos para serem engolidos. É anti-ecológico”. Penso em outro, de graça rude que não cabe em imã, não se sustenta em geladeiras, não vai para lugar algum. O que é ele nesse universo previsível? Não é o que vejo, porque o que vejo não completa a imagem que conheço em estranhos detalhes, de feições outras. Uma janela fortuita que se abre na realidade mas não atravessa o tempo.

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