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09 março 2010

Re-tratos

Hoje viajei para longe. Na ida, passeei sobre as nuvens. Bolotas de nuvens... carneirinhos de algodão. Abaixo, bem abaixo, as cidades — a concretude, a realidade e seus edifícios altos. Dormi no caminho, sonhei. Achei o rumo da certeza e acordei. Guardei o mapa no bolso e segui. Pisei no chão de terra vermelha e me vi só. Andei, andei, andei naquele des-lugar. As árvores do cerrado também dão flor. Quantas vezes fui ali e não percebi que as árvores do cerrado dão frutos que se esborracham no chão da cidade e ninguém parece notar. O que estava eu fazendo ali, nem eu parecia notar. O dia foi-se tingindo de açafrão. Voltei por sobre nuvens que já não estavam lá. Dormi e o mapa da certeza escorregou da minha mão. Se perdeu, se esborrachou na concretude dos edifícios altos da ilusão. Não sei, já não sei. Acho que apenas sonhei um sonho que parecia ser bom. Mas já não lembro... não sei.
Hanna
"... eu sinto você tremular contra mim, como uma lua na água..."
(J. Cortázar)

Um comentário:

M.Feitoza disse...

os textos são tão bons que eu fico até vergonha de fazer um comentário. muito bom mesmo. beijos.