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18 janeiro 2010

Então tá... Vamos ao ponto G

Já que prometi, então vamos lá. Falávamos do ponto G, que desapareceu do mapa das possibilidades de gozo da mulher feliz. Sim, porque não se pode admitir que uma mulher seja feliz fora dos parâmetros indicados pela "ciência", que diz o que vale ou não vale, nos jornais que, no fundo, mesmo sendo vários, são apenas um. Mais uma vez, então tá: o ponto G sumiu. E o pior de tudo, antes que se chegasse à conclusão de que ele realmente existia. Dialogando com Otelo, meu coelho sabido que em breve estreará uma coluna neste blog, percebi o seguinte: já há algum tempo que se fala da sexualidade feminina como uma espécie de ameça à  supremacia masculina. E na guerra simbólica, há que se encontrar o lugar onde nós, mulheres, realizamos um gozo invisível e insuperável, que dura para além da ejaculação. Claro... há de haver um poço de onde tudo emana. Encontrando-se o poço, tudo volta ao seu normal — homens gozam; mulheres realizam... sabe-se lá o quê... mas que realizam, realizam. E dependendo do que seja este poço, castra-se, tampa-se em uma espécie de "choque de ordem". Mas deste tema, choque de ordem, falaremos depois. Então, nada mais se encontrando, a ciência, subalterna do jornalismo, decreta o fim da possibilidade de um ponto.. de vista? final?de exclamação?de  gozo? de abusurdas comparações entre os desemelhantes homem e mulher? Otelo acha que somos todos animais inferiores — isso para não ofender os burros! Mas se observarmos com paciência, veremos que a maré da mídia rema contra as cabeças femininas que ousam se por fora do limite. Senão vejamos: Otelo costuma correr para o banheiro sempre que se encontra em plena liberdade de expressão. E lá, ele devora as edições de revistas como a  Superinteressante e outras do gênero de literatura de banheiro. E ele devorou, dias desses, uma edição da Nature, que dizia quase em êxtase, que o cromossomo sexual masculino, há tempo julgado um...digamos... lerdo do sistema, já havia sido seqüenciados em um chimpanzé. E na comparação com o seu homólogo humano, o cromossomo Y revelou uma taxa de evolução que coloca o resto do genoma no chinelo. Ou seja, mulheres em seus devidos lugares. Mas Otelo é um animal, por mais que seja sabido e lindo. E quando estamos mesmo no chinelo da desvantagem, aí é que nos permitimos a tal da liberdade de expressão e pensamento. E Otelo saca do alto de suas orelhonas: mas quantos cientistas homens e quantas cientistas mulheres havia nesta pesquisa? É que ele andou devorando uns livros, o que aliás nos causou sérios problemas — devorou Chomski, Bourdieu, e o mais grave: Louis Althusser, com sua teoria da ideologia e de como as coisas tendem a permanecer exatamente como as classes hegemônicas desejam. Confesso que não tenho argumentos para debater com Otelo. Uma coisa é saber; outra é compreender. Ando até pensando em deixar meu títulos à disposição de seus literalmente vorazes apetites intelectuais. Mas o fato é que este tal de ponto G sempre foi polêmico — teriam ou não as mulheres um aparato de felicidade independente, como uma gruta azul? Ou um... pênis, digamos. Ora, meus queridos interlocutores, vocês não acham que isto seria por demais revolucionário? Se há ou se não há o tal do ponto G, é uma questão que diz respeitro apenas ao cientistas, porque este assunto jamais importunou a...  digamos, "realização"   das mulheres.  Pelo menos não daquelas que não se pautam pelos jornais. E Otelo recomenda: não deem atenção a esses assuntos. Somos o que somos, e sabemos o que sentimos. As pesquisas são de outra natureza e tentam descobrir o que nós já sabemos desde que nos entendemos  por gente... ou por coelhos, tanto faz.
E aproveitem suas vidas, mulheres! O que é um G, diante de um alfabeto de tantas letras.
Beijos de Hanna e Otelo. 

ESTOU CHOCADA!


De carona na postagem: joguei uma garrafa ao mar; até o fim da tarde, ainda não havia escutado o "tchibum".  Enquanto não entendo e "realizo", deixo Sting no iPode pra vocês, com Message in a bottle, entre outras, como a que diz: "be yourself, no matter what they say".

Beijos.
H.

Um comentário:

Anônimo disse...

Legal, Hanna. Mas e aquela história que você deixou pela metade, a da cigana? Acho legal se libertar do dead line, como você diz. Mas e nós, que acompanhamos suas histórias? Perco o saco de ficar procurando no arquivo se a sequencia rolou ou não. Pense nisso.
Beijão.