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18 dezembro 2009

O que são as aves rosadas no Mangal das Garças?

A última vez que estive em Belém do Pará foi por época da expectativa da divulgação das cidades brasileiras que receberiam os jogos da Copa do Mundo de 2014. Belém era uma das concorrentes e, no dia da divulgação, a cidade estava em festa, certa de que seria escolhida.Não foi.  Belém tem lugares belíssimos e um deles é o Mangal da Garças, com seus parques maravilhosos e restaurantes chiquérrimos, de paredes de vidros que deixam ver a encantadora paisagem. Pois bem: estava eu lá neste dia, em uma mesa gigantesca  e hiperpovoada de amigos, almoçando deliciosas comidas não-típicas, quando vi lá fora umas aves grandes, com penas cor-de-rosa. Lindas!Quis saber o que eram aquelas "garças rosadas". Claro: pensei logo que eram garças, já que o nome do lugar menciona isso. Mas para minha surpresa, ninguém sabia o nome das criaturas elegantes e leves como bailarinas. Na verdade, ninguém deu importância à minha "descoberta". Apenas eu, com os meus exageros de costume, fiquei horas a comentar a beleza exótica das aves "desconhecidas". E é claro que a minha curiosidade incontrolável não me deixou mais a mente em paz. Sempre que passo pela Lagoa Rodrigo de Freitas e vejo as garças brancas, lembro das rosadas e a pergunta volta: "será que também seriam garças? E por que são rosas lá e não aqui?". Não vou detalhar as perguntas que me ocorriam, porque eram tantas... E vejam só o que é a energia do pensamento curioso (e da preguiça de pesquisar determinados temas, claro): o observador de pássaros americano Theodore Cross publicou um  livro de 344 páginas que reúne quase meio século de pesquisa e observação de pássaros; o livro estará sendo lançando por agora. E adivinhem! Entre os pássaros favoritos de Cross está o colhereiro rosado (é este o nome!), que quase se extinguiu um século atrás devido à caça excessiva, motivada por suas penas rosadas, que eram usadas para adornar chapéus femininos. A espécie está em recuperação e pode ser vista aos montes enfeitando as árvores maravilhosas do Mangal das Graças. Viram? A curiosidade nem sempre rende matéria, mas pode gerar cultura — nem que seja cultura inútil.
Beijos aos amigos de Belém com seus colhereiros rosados!
 Olhe ele aí... liiiiindo, não?


foto: The New York Times
E o pior é que aquele meu amigo fotógrafo que mora em Belém estava lá com sua poderosa lente e nem ligou, quando eu me empolguei com a cena. Agora podia estar levando o crédito neste meu blog visitadíssimo, né não? O que é a naturalização do olhar...
Hanna, a cursiosa renitente


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