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21 outubro 2009

A comunicação é uma arma quente

Olá, sempre queridos e generosos visitantes.
Permitam-nos começar esta conversa usando o plural majestático — esta forma de nos referirmos a nós mesmos no plural, para deixar parecer uma certa humildade, como se o que estivéssemos dizendo fosse de uma importância tão grande, que assumir exclusivamente as palavras soaria como arrogância. O que acaba dando no mesmo, né não? Os textos acadêmicos sempre usam essa forma — e quem os acadêmicos pensam que seriam os outros? Os deuses do Olimpo, talvez. No texto jornalístico, não usamos nem o "eu" arrogante, nem o "nós" humilde; o narrador não se expõe — onde estaria então o sujeito da história? Ninguém responde; o sigilo é garantido e os autores são mesmo vários. No "nosso" caso aqui no blog, não se trata de uma coisa e nem de outra, embora transitemos nestes dois universos referidos e em alguns outros paralelos. Fazemos do plural majestático a forma mais honesta de assumir (sem arrogância) aquilo que pensamos e que, portanto, somos. Vale também para nós a pergunta: e quem "pensamos" que são os outros? No nosso caso, a certeza de que somos plurais, ainda mais porque somos geminianas! Os "outros" de Hanna "são"  Jô; os "outros" de Jô, são Hanna — partes diferentes de um mesmo todo que  brinca, como Hanna Stael, da gravidade de Joseti Marques; que como Joseti Marques oferece um pouco de sensatez às  bobagens de Hanna Stael.  Ambas acreditamos que somos apenas uma pequena parte do Todo Universal, como todos "nós". Divertimo-nos olhando uma para a outra e percebendo como nós, seres humanos, somos múltiplos nas nossas semelhanças e diferenças, mesmo quando somos um só. Hanna é capaz de todas as bobagens que acometem um ser que se pretende humano; tem coragem de pagar micos e rir de si mesma, meio sem medidas. Jô odeia perder tempo com bobagens e tenta "educar" a outra, demarcando os limites da sensatez. Juntas acreditamos que somos discípulas (plural majestático!) do autoconhecimento em processo de crescimento; temos responsabilidades com a vida que estamos neste momento vivendo; temos ciência do papel que desempenhamos no grande teatro da existência, onde somos todos, apenas, coadjuvantes — onde não há plural apenas majestático, mas o plural divino. E é aí que se conjuga o nosso verbo: no plural divino que nos estimula a vencer nossas veleidades e fraquezas para podermos compartilhar com os circunstantes mais próximos e mais distantes o que aprendemos e somos... ou que pelo menos o que deveríamos ter aprendido a ser. Isso não nos isenta dos erros que nos caracterizam como seres efetivamente humanos; mas somos conosco mesmas tão generosas quanto sabemos que devemos ser com os demais, embora nem sempre sejamos. Acreditamos que tudo é um processo e que todos um dia chegaremos a um condição melhor, mais evoluída, menos... demasiadamente humana, digamos. Mas a esta altura da conversa, este imenso nariz-de-cera, vocês já devem estar se perguntando: mas o que isso tem a ver com o que? Tem a ver com a simples necessidade de documentar nosso compromisso com o que fazemos aqui. Não podemos desconhecer, depois do reloginho dedo-duro das estatísticas, que muita gente passa por aqui, de diversos lugares do planeta (e isso não é metideza!) e ficam às vezes longos minutos em algum texto, repetem a leitura, buscam mais coisas, e sei que alguns textos são os mais procurados, geralmente aqueles que falam das nossas experiências mais pessoais, emocionais. Com isso, justifico o título — A comunicação é uma arma quente. Por que arma? Porque tem certamente o poder da destruição; e a História está repleta de informações que comprovam isso. Assim, acreditamos que a comunicação deve ter, também, em contrapartida, o poder da construção e da mudança. Nos empenhamos sinceramente neste sentido. Por que "quente"? Porque, ao contrário das armas frias, que contam com a firmeza do gesto, as armas quentes contam com um mecanismo próprio, que pode intervir  na vontade de quem a utiliza. Pode fazer o que na verdade não pretendíamos, no pior dos casos. O acaso também pode contribuir para que se erre o alvo — para o bem ou para o mal — se não houver entrosamento entre a arma e quem a utiliza. Errar ou acertar o alvo é o que costumamos chamar de construção da realidade social. E embora seja óbvio — e o óbvio nem sempre é explícito — todos nós somos aparelhados com o arsenal da comunicação. A responsabilidade de acertar o alvo pode não ser inteiramente nossa, porque somos marcados pela ideologia, que fala por si em nossas palavras e às vezes dispara à nossa revelia;  mas a responsabilidade da  correta utilização da  arma é toda nossa. Alarmante, não? Isso posto, justifico a postagem: se comunicar é assim tão grave, escrever é como uma espécie de documento. Tirando nossos diários íntimos, escrever supõe a relação com outros  em geral, e aí está nossa posição no mundo. Nossa intenção com este texto não é criticar quem pensa diferente de nós e nem interferir no perfil de blogs alheios, mas assumir com os amigos do nosso blog, conhecidos ou desconhecidos, a nossa opção por oferecer aquilo que já adquirimos de útil nas nossas vidas e que  acreditamos que, eventualmente,  possa ser útil a outros, mesmo que em forma de... bobagens de Hanna. A comunicação é nosso perfil e por isso o perfil deste blog — seja lá por vocação, conhecimento, profissão, geminianices, tolices ou pelo  idealismo de achar que se a realidade é construída por linguagem, então, pela linguagem, podemos fazer da realidade alguma coisa melhor. Perdoem-nos se eventulamente erramos o alvo.  E a todos que aportam aqui, intencionalmente ou não, o nosso mais caloroso afeto .
No nosso blog tem um poço, mas a água é muito limpa.
Salve Renato Russo!
Como de sempre, nosso amor.


Poço do Coração, Carrancas/MG





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