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22 agosto 2009

Reedições

Olá, tão doces e amados!
Tenho visto, pelas estatísticas do reloginho ali ao lado, que algumas tolices de Hanna estão sendo muito lidas, e algumas são bem antigas. Então resolvi reeditá-las para que continuem acessíveis, nas páginas atuais, a todos os generosos visitantes. Agradecendo com profusão de afeto e carinho, reedito uma historinha que eu achei numa vila de pescadores chamada Jurujuba, em Niterói. O título é novo e alguns erros de texto foram corrigidos. Espero que gostem.

Tenho em mim um deus que escreve histórias para eu dançar.

Esta história, achei no barco de um pescador de sonhos que parou ao meu lado e eu convidei pra dançar. Ele aceitou, tomou-me nos braços e rodopiou, entregando-se à vertigem que eu já trazia em mim. Saímos em valsa pelo mundo afora, passeamos por um vilarejo romântico ao Sul da Itália; por uma aldeia encantadora debruçada em frente ao mar... marinas suaves depositadas sobre as águas que o sol delicadamente coloria. Havia um mundo para andar, e ficamos sem saber exatamente como ir. Entramos na igrejinha de São Pedro e pedimos o vento, o rumo, a vela, o prumo, com a certeza apenas de que já estávamos a navegar. Ele me disse que eu estava no alto e eu disse que queria descer. Pedi que me ensinasse o caminho de volta; que mostrasse onde estava a escada que me traria de novo para perto do mar. Ele ficou ali parado, acariciando meus cabelos, olhando as águas que já haviam diluído a cor do sol, trasmutando-se langidamente em um fino véu de luar. E ele ficou assim tão quieto, espreitando a certeza que nenhuma resposta podia dar. Fiquei lá onde estava apenas eu, sem saber sequer onde era mesmo esse lá. E o vento foi balançando de leve o barco, as velas, a vida, o mar... e tudo o mais foi-se indo embora, suavemente embora... como quem solta as mãos, deixa deslizar os braços, afasta mansamente os corpos, porque a música cessou e não há mais o que dançar. Adiante, mais além, lá bem longe, o mar... apenas o mar — uma longa viagem até, quem sabe um dia, encontrar um porto onde o desejo ancorar.

Amor.
H

2 comentários:

Anônimo disse...

que lindo! vc me trouxe boas lembranças, Jurujuba, vila dos pescadores...a noite...saindo de s.francisco..lindo ...
texto simples e encantador, parabens!

Hanna disse...

Obrigada! Uma das funções do escrevedor é exatamente esta: abrir as portas e janelas do lugar onde todos nós guardamos as nossas dádivas e estimular, a todos, revisitá-las.
H.